domingo, 4 de dezembro de 2011

Somos da geração João Paulo II




Toda uma geração foi influenciada pelo pensamento
 e vida de João Paulo II. Ainda quando era padre na 
Polônia e quando bispo de Carcóvia, seu grande 
encanto e dedicação eram os jovens, a quem
 ele chamaria, décadas depois, de “minha 
alegria e minha coroa”.
 Esse amor pelos jovens foi, por um lado seu maior legado à Comunidade
 Shalom e, por outro, o ponto de encontro entre ele e o jovem Moysés 
Azevedo Filho que, aos seus pés como aos pés da Igreja entregava a Cristo sua vida e 
juventude a serviço dos jovens. Dois amores à juventude que 
se encontram no mesmo momento de oferta durante a Eucaristia
 pela doação de vida por amor a Deus.
 Como sabemos, nenhum encontro aos pés do altar é um mero acaso. 
Estava selado, naquele 9 de julho de 1980, o que se concretizaria 
exatamente dois anos depois, numa despretensiosa lanchonete e
 só seria entendido dez anos mais tarde: Deus tinha um plano. 
Nosso passo fundante a nível espiritual havia sido dado com a 
entrega de vida para a evangelização dos jovens e todos os que se 
encontram longe de Deus. Para isso existimos, por Deus e por eles nos entregamos.
 Pouco a pouco, descobriríamos muito mais sobre o Papa que mudaria
 tantas vidas que formaria uma “geração”, a “geração João Paulo
 II”, ou, como a chamam alguns, geração dos “filhos de João Paulo II”. 
Descobriríamos e daríamos nossa mais profunda adesão à sua visão 
de homem, expressa em seu tempo de seminarista, de filósofo, de teólogo: 
“o homem é a via de Deus” e Deus, naturalmente, é a “via do homem”.
 Sua encíclica “Redemptor Hominis”, escrita sete anos antes da fundação
 de nossa comunidade, colocaria Jesus como inteiramente Deus e inteiramente 
homem na medida certa, 
na linguagem adequada e atraente ao homem do século XX, como pediu o Vaticano II.
 Em nossa espiritualidade e ação apostólica, o “homem, via de Deus e Deus via do 
homem” sempre foi profundamente marcante. Encontramos Deus em nossa própria 
humanidade frágil e a submetemos inteiramente a Ele, nossa Via, na adoração, 
contemplação, Lectio Divina. Cheios do Seu Espírito, vamos ao encontro do homem, 
via de Deus, 
na vida fraterna, no apostolado, nos jovens, nas famílias, nos pobres de todo tipo, 
no amor e defesa da vida em todas as suas fases. A esses homens alcançados por 
nosso apostolado, levamo-los a Deus, a única via do homem.
 Não por acaso, nossa espiritualidade tem seu centro em Jesus Ressuscitado que
 passou pela Cruz e comunicou a paz aos seus discípulos ao entrar no Cenáculo,
 ressuscitado, trazendo a marca de suas chagas em sua Santa Humanidade
 Ressuscitada. Sua boca humano-divina realmente disse “Shalom!”. Sua divindade
 realmente comunicou
 a Paz que é Ele mesmo. (cf. Jo 20,19)
 Da mesma forma, não poderíamos considerar “acaso” ou “coincidência” o fato de 
a ida para o céu e a beatificação de João Paulo II se darem exatamente quando
 a liturgia da Igreja proclama o “Evangelho de nossa vocação”: Jo 20), nem 
acaso é nossa saída permanente em busca dos Tomés de hoje. Esses fatos só
 confirmam que nós, com muito amor e orgulho somos, sim, andarilhos de
 Deus, apaixonados pelos jovens e por todos os homens, da geração de João Paulo II.


O Segredo de João Paulo II



Há uma quase unanimidade sobre João Paulo II: ele trazia em si um segredo.
Uma forma rara e ao mesmo tempo familiar de Deus falar ao mais profundo d
o coração do homem. 
Qual seria esse segredo? Isso é lá entre ele e Deus. Mas encontrei como uma
 réstia de luz a revelar seu segredo em poesia de sua autoria: Minha Vida por Cristo.
Quando penso no mundo,
que se desvanece e morre
pela falta de Cristo;
Quando penso no caos profundo
em que se despenca
a inquieta e cega humanidade
pela falta de Cristo;
Quando me encontro
com a força da juventude
apática e destroçada
na própria primavera da vida
pela falta de Cristo,
não posso sufocar as queixas
de meu coração.

Quisera multiplicar-me, dividir-me,
para escrever, pregar,
ensinar Cristo.
E do espírito mesmo do meu espírito
brota contundente e único grito:
Minha vida por Cristo!
Do “espírito do espírito” de João Paulo II, brota um grito contundente. 
O que provoca esse grito, o que lhe dá o combustível explosivo que forjou 
a “geração João Paulo II”? Veja: a causa da morte no mundo, é a falta de Cristo. 
O caos em que se despenca a humanidade inquieta e cega é a falta de Cristo. Não 
são as drogas ou a mentalidade hedonista e descompromissada da “geração y”
 que a faz apática e destroçada, é a falta de Cristo.
Tudo o que destrói o homem tem uma causa comum, 
que passa longe das análises de 
qualquer ciência: a falta de Cristo. João Paulo II, como outros, 
o encontraram e cultivam
 com ele amizade contínua e felicíssima. São com ele uma só alma, 
um só coração.
 Participam dos sentimentos e desejos do “espírito mesmo do Espírito de Deus”. 
A consequência desse 
amor mútuo é a mesma que levou o Pai a enviar Jesus, sua Palavra, seu Verbo,
 seu Grito: Minha vida pelos homens!
A esse grito lancinante, o homem que vê o profundo dos corações de Deus e dos 
homens responde, feliz: Minha vida por Cristo! A partir daí, tudo se resume no
 segredo de João Paulo II: ao procurá-lo, você não o encontrará, 
pois não é ele quem vive. 
É Cristo que vive nele.